A prática regular é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento musical. No entanto, muitos músicos amadores enfrentam um obstáculo silencioso e persistente: a procrastinação. Ela pode surgir por falta de organização, perfeccionismo, distrações ou até mesmo por medo de não evoluir como esperado. Para quem busca evoluir de forma consistente, aprender a lidar com esse inimigo é essencial.
Neste artigo, vamos explorar os principais métodos que músicos amadores podem adotar para reduzir a procrastinação durante suas sessões de prática diária. As dicas aqui apresentadas são baseadas em princípios de produtividade, neurociência e educação musical, e podem ser adaptadas a qualquer instrumento ou estilo.
Entendendo a procrastinação musical
Procrastinar, no contexto da música, é adiar repetidamente o momento de praticar, mesmo sabendo que a prática é essencial para o progresso. Ela pode se manifestar de várias formas:
- Adiar o início da prática
- Substituir prática produtiva por atividades mais prazerosas (como tocar apenas o que já domina)
- Fazer “prática passiva” (ver vídeos sem aplicar)
- Sentir-se desmotivado ao encarar técnicas desafiadoras
A raíz da procrastinação pode estar ligada ao medo de falhar, à falta de metas claras, à baixa autoestima musical ou simplesmente à ausência de rotina estruturada.
Métodos eficazes para combater a procrastinação
1. Estabelecer metas pequenas e alcançáveis
Ao definir objetivos muito ambiciosos para uma só sessão, o músico pode se sentir sobrecarregado. Prefira dividir o conteúdo em partes menores:
- Trabalhar uma única escala
- Focar em 4 compassos de uma peça
- Dominar uma única técnica (ex: vibrato, ligaduras)
Essa abordagem gera uma sensação de progresso mais frequente, o que fortalece a motivação.
2. Criar um ritual de início
Um ritual simples antes da prática ajuda a sinalizar ao cérebro que é hora de começar. Exemplos:
- Tomar um chá ou café
- Fazer 5 minutos de respiração consciente
- Organizar o ambiente e afinar o instrumento
- Acender uma vela ou incenso (ambiente inspirador ajuda na constância)
3. Aplicar a Técnica Pomodoro
Consiste em praticar por 25 minutos com foco total, seguidos de 5 minutos de pausa. Após quatro ciclos, faz-se uma pausa maior. Isso evita a fadiga mental e aumenta a eficiência do tempo de estudo. Durante a pausa, é recomendável se movimentar, beber água ou alongar-se.
4. Planejar as sessões com antecedência
Tenha um plano semanal ou mesmo mensal de estudo musical. Saber exatamente o que praticar reduz o tempo perdido decidindo e evita improvisos pouco produtivos.
Exemplo de plano:
- Segunda: técnica + escalas maiores
- Terça: leitura + repertório novo
- Quarta: revisão de peça + improvisação
- Quinta: gravação e análise
- Sexta: livre para exploração criativa
5. Registrar o progresso
Manter um diário de prática ou gravar pequenos trechos ajuda a perceber a evolução com o tempo. Isso motiva e combate a sensação de estagnação, um dos combustíveis da procrastinação.
Registre:
- O que foi estudado
- Quais dificuldades surgiram
- Quais soluções foram testadas
- Qual seu estado emocional antes e depois da prática
6. Eliminar distrações do ambiente
Silenciar o celular, organizar o espaço e avisar pessoas próximas sobre o momento de prática ajuda a criar um ambiente focado. Se possível, reserve um canto da casa exclusivamente para a música.
Adotando uma mentalidade de progresso
Muitos músicos amadores desanimam ao comparar seu desempenho com músicos profissionais ou com conteúdo idealizado da internet. Isso gera ansiedade e alimenta a procrastinação.
Para combater isso:
- Comemore pequenas vitórias
- Foque no progresso, não na perfeição
- Lembre-se que todo profissional já foi iniciante
- Mude o foco do resultado para o processo
A música deve ser um caminho de expressão e descoberta, não um palco constante de cobrança.
Incorporando ferramentas digitais
Aplicativos e recursos digitais podem ajudar a manter a disciplina:
- Técnica Pomodoro: apps como Forest, Focus Keeper
- Afinadores e metrônomo: para técnica precisa
- Gravadores de áudio: para autoavaliação
- Planilhas ou Notion: para organizar a prática
- Apps de repertório e tablaturas: como MuseScore ou Ultimate Guitar
Utilizar a tecnologia a favor do estudo transforma o celular de vilão em aliado.
Superando bloqueios comuns
Falta de tempo:
- Praticar 15 minutos diários já traz resultados
- Dividir o tempo em micro-sessões ao longo do dia
Falta de motivação:
- Ouvir artistas inspiradores antes da prática
- Relembrar os motivos que o fizeram escolher a música
- Participar de grupos ou desafios musicais online
Perfeccionismo:
- Entender que errar faz parte do processo
- Separar tempo para “brincar” com o instrumento
- Tocar apenas por prazer, sem metas, de vez em quando
Integrando a prática na rotina pessoal
Não adianta esperar ter tempo livre para praticar. A solução está em encaixar a prática na rotina existente, assim como escovar os dentes:
- Praticar após o café da manhã
- Usar o intervalo do almoço
- Tocar 10 minutos antes de dormir
- Transformar a prática em um momento de relaxamento
A regularidade, mesmo com pouco tempo, é mais eficaz que práticas longas e esporádicas.
Conclusão inspiradora
A música exige dedicação, mas não precisa ser um fardo. Ao adotar métodos simples, consistentes e adaptados à sua realidade, é possível vencer a procrastinação e transformar a prática diária em um momento de prazer, evolução e conexão pessoal.
Músicos amadores têm o privilégio de tocar por paixão. Cultivar esse sentimento com estrutura e leveza é o caminho para desenvolver suas habilidades com alegria e consistência. E lembre-se: tocar um pouco todos os dias é melhor do que esperar o dia perfeito para começar.
A próxima sessão de prática pode ser hoje. Basta dar o primeiro acorde.